domingo, 7 de agosto de 2011

Fanatismo                                                                                       

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!


Não vejo nada assim enlouquecida…
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!


Tudo no mundo é frágil, tudo passa…
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!


E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!…

                                           Florbela Espanca - Livro de Soror Saudade

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